Clausar deixa as cílias baixarem, e não dorme: conserva os írios
cerrados e escuta o som tão querido do multiggon sobre os trilhos.
Desde criança não eriava isso; e, contudo, parecia não ter havido
qualquer interrupção naquele ruído acalentador: era o mesmíssimo e
ali estava, acompanhando-o, marcando o compasso da gédia,
coração do mundo. Na janela não há movimento: a mais deslumbrante
profusão de írias acompanha o multiggon. Clausar presenciou
espetáculo semelhante no céu falso do Astrário do Madeirapoeira.
Aqui, as írias verdadeiras subriem dos laivos pálidos do projetor
do Astrário; e, se o geóctone fixasse os írios numa delas, poderia
descobrir-lhe as inimitáveis variações de cor e sentir, em todas,
o poder das reações nucleares perdidas na imensidade, pressentir
as gédias de trilhões de seres orbitantes; orbívagos planetas ocultos;
exorbitantes pensamentos nômades; emoções vadias; orbitários
írios alienígenas voltados a Géa; alguns capazes de enxergarem-lhe
o anelado planeta; outros anelando encontrarem companhia no
Cosmo, tão cegos para as distâncias quanto os dele.

A metade superior do mundo além da janela é céu cravejado
de géons multicores, onde fica mais fácil contar os pontos escuros.
A metade inferior é treva absoluta: se existe o Nada, está ali! O
hemisfério acima supera o abaixo em dimensão: o horizonte atro
deixa, muito a contragosto, avaliar a imensa esfericidade de Géa.
E o orbe envergonhado enegrece, ciente de colapsar-se no poderoso
intelecto adolescente de quinze espectros e de tornar-se, em um
tríntico, o mais ínfimo grão pulvéreo a derivar na infinitude.