Em uma deciareia, as amigas defrontam as ruínas majestosas
do castelo, onde fica a fraxínea ponte levadiça, para sempre arriada.
Sobre a escuridão seca de largo e profundo fosso, a antiqüíssima estrutura
de madeira dá acesso a enorme arco monolítico: o portal da muralha
circundante ao castelo. Já existiu um portão implantado nesse arco,
inexpugnável para umalfos, só derrotado pelo ritmo...

Não é possível iriar ou ver a cor da rocha: as sombras
umalfas recobrem tudo, sagazes zagais a recolherem na arribana da
noite o mundo. Nem a luz das estrelas, nem a dos quatro faróis da
nave para o trânsito rodoviário comum; nenhuma consegue arrancar
matizes do negror pétreo. Implantados dois a dois nas pontas
laterais dianteiras da turbonave, cada par sob um protetor
aerodinâmico de enerfrátax, esses faróis ajudam a disfarçar a Blue
Chaos
em robocar esportivo, quando roda em Géa, ou em carro de
gran-turismo, ao trafegar na Terra.

Louriage contém ímpetos de acender os emissores dos
quatro feixes de luz coerente, escondidos atrás dos faróis. Esse
AGEER contínuo e modulado varia cento e vinte vezes por
segundo, do infravermelho ao ultravioleta, passando pelo espectro
visível. Sua varredura dente de serra resulta em luz branca para írios
e olhos. Pode ser limitado a qualquer faixa cromática e ajustado em
freqüência de repetição, conforme o objeto, o ambiente ou o efeito
desejado. Claro!... Pode também destruir, destruir e... matar...

Muito melhor uso encontram os emissores AGEER, quando
Sérias os acende atrás do palco e projetam imagens tetradimensionais
no espaço, para delírio da platéia, durante os espetáculos do TCA!

As ameias do bruno alcáçar destacam-se, recortando merlões
no alaranjado perpétuo do horizonte. O limite entre o céu e a alfia
mantém-se nessa cor até durante a noite, pelo abraço dos envolventes
raios luminosos da gigante vermelha sobre o planeta dourado.

“- Já vão alto no firmamento os três pranélites; mesmo
assim, refletem quase nenhum pran.” - diz consigo a geóctone.

Cobertos pela sombra do eclipse total; sonolentos e amuados
pela falta do géon estelar, os satélites auguram a soturna
ameaça de deixarem-se cair na cama planetária, para encontrarem
a quentura do magma sob o fino lençol da crosta,
indiferentes ao destino das picapulassúmias umalfas.

- Toque o sinal três vezes curtas e duas longas, Lú. Não pode
ser pentatônico; sim, monótono e na quinta nota da escala diatônica.
- ensina Gia, íriões no sombrio tom laranja das três prânias.

- Melhor tocar Você, Giza. Já esteve antes em Umalfa e
conhece melhor o costume. - Concordando, a kena dá o pentâmero
sinal monótono com o silvo da buzina a gás, descomprimido do
buraco negro da turbonave de Sérias. O sol soa como as trombetas
angelicais e, sem mais preâmbulos, põe várias silhuetas de guardas
noctívagos sob o arco da muralha, delineadas na luz do castelo.

- Sentinela, alerta! Quem vem lá?! - toa, quase tão potente,
uma fala masculina, em grave ré, vinda da contraluz sob o portal.

- A compradora da mesa monolítica! - responde Gia, em lá,
pelo amplificador da turbonave, opondo o feminino som da voz
clara contra a luz escura. - Combinamos a negociação para hoje.

- Já estamos fechando! - diz a fala, fechando, em fundo dó.

- Só tenho esta areia para negociar. - abre-se a kena, em si,
referindo-se à nônada umalfa.

No planeta, o sistema oficial ainda usa antiquados medidores
de ritmo à base de areia. Não são ampulhetas: em 1 Alfa Telariae
existem lagartas comedoras de areia; sejam maiores ou menores,
engulam areia da grossa ou da fina, não importa: com precisão
ritmógena vão comendo sem parar e, ao cabo de meia hora terráquea
ou duas nônadas geóctones, excretam uma bolinha similar ao vidro.
Os umalfos põem um desses bichinhos numa caixeta cheia de areia
e contam as bolinhas quando querem saber quanto ritmo passou.
Assim, “uma areia” significa “uma bolinha” e “areia” quer dizer
“nônada ou hora umalfa”, além de servir para designar
os grãos de rocha em desagregação, a areia comum.

- Se quiserem vender a mesa é pegar ou largar! - acrescenta
Louriage por sua conta, contando com a auricídia dos guardas.

- !!! - faz Gia, iriões variando todas as cores, como se fossem
os faróis AGEER da Blue Chaos caotizados. - Assim vou perder o
negócio! - complementa, tapando o bocal captador do amplificador.

- Vai nada! Vendedores são iguais em toda a Galáxia! Sei
lidar com eles!... - sussurra a loura terráquea.

- Está bem. Podem vir com o veículo. - responde por fim a
mesma voz umalfa, tendo confabulado com outros guardas.

Louriage acelera cuidadosamente e atravessa a não mais
levadiça ponte. Por precaução, deixa ligado o sistema de vôo: se a
estrutura não suportar, a Blue Chaos não cairá no fosso. Nada
obstante, as velhíssimas vigas agüentariam várias turbonaves e nem
emitem um rangido sequer. Nunca jamais voltarão a subir; a descer,
tampouco; outronão, a cantar o lamento rilhado da madeira viva
aos esteios e à sobreliminar. Ademais, cair no fosso?... Outronunca!

Logo as viajantes pisam as largas e desgastadas lajes do
pavimento por trás da muralha, dentre cujas pedras medra altivo
freixo, retorto ao pé desse duro mole, a lembrar pungido bonsai.

- Onde está a mesa? - pergunta Gia (como quem não quer)
ao dono da voz poderosa, aparentemente um chefe. A kena disfarça
a ansiedade, atentando em cada coisa desimportante. Entre muitos
petrechos de limpeza, manutenção e encaixotamento, os objetos
apóiam-se nas paredes externas das duas guaritas laterais do portal,
cercados por grandes embalagens em preparo e mesmo contêineres.

Uma só das guaritas abriga a guarda; a outra está repleta de
engradados, onde Gia lê, em várias línguas, os mais diversos
endereços de astrometecos. Com os lampardos exportando dessa
forma, té a ponte corre o risco de amanhecer sob outro sol!...

- Na sala de refeições do castelo, mikena. - responde o
lampardo, aludindo à mesa. Quem lhe observasse os olhos injetados
ver-lhes-ia as duas concupiscências no brilho baço: a material e a
carnal. Gia e Louriage não precisam iriar e olhar para sentirem-nas.
No momento, confiam no poder sobrenatural da moeda! Seja em
dinheiro ou pelo escambo (e em Umalfa trocar é o costume), o
interesse comercial pode suplantar até os maiores ímpetos lascivos
- assim pensam as duas. Do alto de ornado arnês, o guarda continua:

- Sou Tagor. Queiram seguir-me. - e as amigas deslizam
passos elegantes rumo ao portão, alinhado com o arco desportilhado
da muralha e a ponte caída. Restaurada e sólida, a grande porta
rebrilha orgulho nas chapas de alumínio batido, rebitado a poder de
martelo. Em mais de um ponto da superfície, Louriage pousa olhos
arregalados naquela insigne insígnia das letras entrecruzadas.

- A porta é feita com os restos das turbinas destruídas nas
liças, Gia! Irie! - e a tridéltica aponta os detalhes.

- Triângulos! Desse jeito, Umalfa se transforma inteiro em
arvagão, Lú! (Gia falha na cortesia de falar português).

- Avião, Giza... - corrige Louriage, rindo baixinho.

Nuas, ao ver dos lampardos; Gia e Louriage começam a ser
seguidas por todos os membros da guarda. As beldades entrevêem
lúzios brilhando sôfregos no escuro sobre si, surpreendem sussurros
surdos e captam comentários comichosos: “- Tagor tá pra lá de
Lagá!”, “- Melhor negócio faria, se pegasse as duas astrometecas!”.
Os intrometidos logo são detidos pelo comando firme do chefe:

............

Sobre fendas ou fissuras no continuum, velocidade igual ou superior à do géon (luz), Newton e Einstein.

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Planeta Penta Ro Bolinei.

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A Constelação da Telária.

 


Detalhes sobre os novos semblantes de Rá, de Talia e de Ky,
criados para Geínha, com informações sobre como os produzi,
você verá nas ilustrações do Livro Nono de Geínha e nas páginas:

Novo Rá

Nova Talia

Novíssima Talia

Talia expressiva

Ky: amo perdidamente minhas personagens


Opinião do cineasta hollywoodiano Jeff McCarty sobre as minhas ilustrações em geral

Opinião do cineasta Jeff McCarty sobre a página "Ky: amo perdidamente minhas personagens"

Opinião do cineasta Jeff McCarty sobre as ilustrações do Livro Onze de Geínha

Opinião de Sergio Sacco sobre as ilustrações de Géa e Geínha com resposta minha esclarecedora sobre tais ilustrações

Nota de CCDB: ver qualificações de Sergio Sacco na página "Melhor que o resto do site?"

Opinião de Rossano Vicêncio (Galáctico da Luz) sobre as ilustrações de Geínha com resposta minha esclarecedora sobre tais ilustrações

Opinião de Idavan Ricciardi sobre minhas ilustrações e sugestão sua sobre publicação de meus livros em quadrinhos

Nota de CCDB: Idavan Ricciardi é Coronel Médico da Aeronáutica R/R e, na vida civil, médico com título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Associação Médica Brasileira, Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública e diplomado pela ESG (Escola Superior de Guerra) no Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Opinião de Júlio C. Martins sobre as minhas ilustrações

Nota de CCDB: Júlio C. Martins é Professor da UFES (no curso de Comunicação Social) de Produção de áudio e pesquisador em comunicação e semiótica na linha acústica e percepção sonora. Mestrado em comunicação e semiótica na PUC/SP

Opinião do Professor Alysson Junior (Cowboy Alysson Jr.)

 


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