Tóxia não perde ritmo: a telária não espera Posenk tomar a
iniciativa do salvamento: pula do painel direto ao antebraço de
Clausar, corre à veia salvatela, cinge-a com os dois agudos ferrões
e injeta a quantidade exata de peçonha! Dupla superdose de Dor!

Clausar esperta imediatamente. O efeito da picada na veia
não é como no músculo ou na pele: o geóctone sente os vasos
sanguíneos a tornarem-se crescente paliúro; o coração é a raiz, a
bombear impulsos na seiva de agulhas. Nos canais linfáticos flui
frátax moído! No cérebro refulge a mais terebrante Dor! E essa Dor
talvez não abandone Clausar: é eterna, qual o veneno de Tóxia!
Assim como viajara nas asas instáveis do KSE, o enk viaja na Dor!
E a salutífera Dor aluciná-lo-á, para o manter desperto, enquanto
lhe restar um mínimo de gédia no ser! Caso sobregedie à luta,
ninguém sabe se ou quando essa Dor passará, nem mesmo Tóxia.

Impregnado de Dor, o enk pula de pé e corre para assumir
o sólio. Súbito, entre Clausar e o sólio surge um géon! O foco geoso
se abre. Geaico, potente, sobe do chão e desce do alto; tremula em
linhas radiantes, perpendiculares ao piso. Cinzas de larada morta
emanam do âmago alvo-argênteo. O resplendor entrebranco não
deslumbra os írios; infunde, estabelece, inspira poder... É um Ser!
O ente não apareceu no sólio, no vértice de concentração do
iriocelar e da consciência dos tripulantes da Laranja, onde poderia
ser adivinhado. Manifestou-se voluntariamente. Estava alhures!...
Oég condensa-se do géon com a feição serena, formosa até, soma
estética de quantas assumira nos combates. Traja eclíptico hábito,
o fúnebre capuz cobre-lhe o crânio, e entrevê-se-lhe a face fria. Não
ingressa falcato: parece não querer destruir já a ritmonave, entrando
ali coa arma letal. Como se a foice lhe passasse cortando a língua
entre os dentes, Clausar sente gosto de írion; o írion das hemácias, ao
iriar a figura geível. Se são mortos, a Morte é mais: os objetos na sala
murcham sob a presença fatal, igual esmaiam as flores e pendem os
ramos das trônquias, quando Oég caminha entre elas, e a harmonia
suave da flora não lhe abranda o metrônomo da passada veloz,
rumo aos lares das incontáveis vítimas. O Universo verga.

Lista geral de personagens de meus livros (PDF 640KB).

Lista de naves da obra Géa (PDF 59KB).

Mais sobre a Laranja.

Mais sobre Oég, a Morte.

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