A insignificante vibração do sólido piso não seria percebida pelos
mais sensíveis instrumentos geóctones. Talvez nem mesmo o bio
fosse capaz de simular tal ondulação no espaço PSID. No entanto...
há captadores ainda mais aguçados, quiçá os melhores de todo o
planeta. Eles percebem a queda. São as seis perninhas de um
bichinho ainda menor, se comparado às zúnias:
a pequeníssima antênica ruiva!

Ao sentir o tremular da laje sob as garrinhas, estaca. Eleva
a cabeça oblonga terminada em duas polidas mandíbulas horizontais
serrilhadas; abre e fecha essas cortantes tenazes aduncas, qual
se tesourasse o ar; aponta duas antenas flexionadas, procurando
odores; e observa ao redor por dois baços ocelos ovais. Nada
cheira ou vê. Mesmo assim, as perninhas continuam
a sentir vibração direcionada, pulsante.

- Czzz! Olorizar solo. Czzz! Partir na direção do tato. Czzz!
Grande Mãe Rainha aprovaria! - e a antênica; um dos pouquíssimos
seres sem acesso direto ao próprio Ky, pobrezinha; segue as ordens
genésicas e indiscutíveis da Grande Mãe Rainha; esta sim, ligada
ao Kyantênica. Ah, se os Galácticos houvessem perdido a Guerra...
Teriam ficado na mesma situação, robotizados
sob o domínio dos pêntios!

- Czzz! Estou mais perto. Chão trepida mais. Czzz! Impulsos
estão rareando... Czzz! Devo ir mais rápido! - e as perninhas
passam a vibrar, invisíveis de tão rápidas, transportando o
corpinho trissegmentado em suave flutuar sobre grosseiras
irregularidades, magnos grãos de areia, naviformes folhinhas
secas, montanhas-rêmias de fios de cabelo e cem outros
obstáculos do "lisíssimo" piso, tão requintadamente
aplainado pelo construtor geóctone.