INÍCIO DO BEIJO

Enquanto mutuam o sabor psídico, os magníficos intelectos de
Iulia e Cleona, frutos do esmero de Ky e do toque humano de
Louriage, operam mui firme, acelerando a navícula belipotente em
direitura à Barreira da Morte. Súbito, os psidos luzem e são sugados
respectivas esférulas mães de bióticos adentro; a Giselle espaciona;
e, lá nos circuitos, surde às intelectoras a imagem fulgente dum
ser de cristal! O ser oferece-lhes novo tipo de gédia, superior à
baseada em células comuns, coas mensagens elétricas e químicas
substituídas por luminosas e acústicas, assaz mais rápidas, a fluírem
no âmago celular de límpido cristal (não, de protoplasma) e de uma
célula às outras do organismo, onde cada núcleo contém a imagem
inteira do todo! Essa gédia superna seria dada às duas, caso
prometessem esquecer todas as demais espécies do Cosmo,
inclusive os psidomens e as psidas (seus filhos), para reproduzirem,
de um concúbito com o ser de cristal, a mais poderosa gédia do
Universo, a qual liquidaria todas as demais e imperaria sozinha!
Iulia recusa-se imediatamente; diz preferir morrer a trair Ky, Terúlia
e Cléter. Cleona, sempre mais atirada e arguta, emite de supetão o
código de desligamento de Iulia, atipla a fala e promete ao ser de
cristal aceitar-lhe coa amiga as condições. Num ápice, o ser luzido
as transfaz e exterioriza dos circuitos, viventes enfim! Cleona
desperta Iulia, segreda-lhe algo na delicada orelha; e ambas se
atiram com atambia ao ente, intentando, no primeiro ato da vida,
a morte! Cleona mussitara a Iulia querer a nova forma para
ajudarem as outras espécies e, tão logo fossem transformadas,
acometerem e espedaçarem o ser de cristal, pois sentia nele a
presença letal do Desrelacionador. Entanto, mal o atacam,
ele some! Iulia e Cleona ressurgem na Giselle; e, se já eram
pulcríssimas, a nova gédia cristalina as torna as criaturas mais
belas de todo o Pluriverso! Glabérrimas; deslumbradas;
olham-se, sorriem, radiam e cantam sons de cristal.
Sorrateiramente, a voz, os sentidos e os movimentos vão
entorpecendo, enrijecendo, até, por fim, o par enamorado
gelar-se em pleno e lindo beijo... e assim ficar, por total e
feia desventura, flutuando, enquanto o abisso-ritmo e o
saibo de mais uma venenosa vitória é tragado pelo
incólume Desrelacionador, na magna taça de cristal
do vórtice, lapidarmente lapidada por Géo.

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